É consenso, comprovado pela experiência, seja na economia doméstica ou empresarial, que, se as receitas forem menores do que os custos, haverá déficit e, por consequência, desequilíbrio nas finanças.
No transporte coletivo de passageiros não é diferente. O que mantém o sistema equilibrado são as receitas, que não podem ser menores do que os custos.

No caso específico de Curitiba, as receitas do sistema de transporte coletivo são calculadas por uma previsão do número de passageiros – de março de cada ano até fevereiro do ano seguinte, que é a data de revisão da tarifa técnica.

Como esse número de passageiros é divisor dos custos, se ele não se realiza, fatalmente causará déficit, desequilibrando o sistema, pois se projeta uma receita que não se verifica na prática.

Pelo quinto mês consecutivo, o número de passageiros pagantes equivalentes projetado pela Urbanização de Curitiba (Urbs) para o cálculo da tarifa técnica não se confirmou. A gestora do sistema de transporte esperava que 17.627.039 usuários embarcassem nos ônibus em julho de 2016, mas a realidade foi outra: 16.175.591.

Multiplicando-se a diferença entre o total de passageiros projetado e o realizado (1.451.448) pelo valor recebido pelas empresas, de R$ 3,45 – valor da tarifa técnica (R$ 3,6653) menos 4% da Taxa de Administração da Urbs e 2% de ISS –, as empresas amargaram só no mês passado um prejuízo de mais de R$ 5 milhões.

A projeção de passageiros comprova, até agora, que não houve mês em que a estimativa se concretizou na prática, como demonstra, de forma técnica, o quadro a seguir.

quadro

A diferença acumulada de março a julho é de 5.529.162 passageiros a menos que o projetado. Com isso, a defasagem para as empresas no período já chega a mais de R$ 19 milhões.

Diante dessa situação, as empresas demonstram preocupação com o pagamento de seus compromissos no fim do ano, principalmente em relação ao 13º salário de seus colaboradores, e pedem que medidas sejam tomadas a fim de que a população não corra o risco de sofrer com greves, como ocorreu em 2014 e 2015, por causa do desequilíbrio do sistema.

Se as receitas são deficitárias, de nada vale argumentar que os recebimentos das empresas estão sendo pagos em dia, uma vez que são insuficientes.

Fonte: Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana – Setransp